terça-feira, 19 de maio de 2009

Cabeleireiros contra AIDS























Cabeleireiros contra AIDS

Campanha da L´Oréal em parceria com a UNESCO utiliza os cabeleireiros como formadores de opinião para prevenir a doença

texto: Márcia Britto
fotos: Moisés Moraes e divulgação

Quem cuida da beleza, cuida da saúde.” Este foi o slogan da mesa redonda realizada na Hair Brasil, que aconteceu de 29 de março a 1 de abril de 2008, sobre a campanha Cabeleireiros contra AIDS, um projeto social realizado pela divisão de produtos profissionais da L´Oréal em comunhão com a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).

A idéia de criar uma campanha que envolvesse cabeleireiros foi concretizada em 3 de maio de 2005, e o Brasil foi um dos primeiros países a abraçá-la, em 2006. Além do País, reconhecido internacionalmente por suas ações pioneiras na prevenção e no tratamento das vítimas do vírus, integram o programa os países da África Subsaariana, bem como Alemanha, Argentina, China, Espanha, França, Índia, Itália, Malásia, Polônia, Portugal, Tailândia, Rússia e Inglaterra.

No site www.cabeleireiroscontraaids.com.br há dados sobre a doença no Brasil e no mundo, informações sobre contágio e formas de prevenção, dicas sobre como tratar do assunto com os clientes dos salões de beleza e um cadastro para adesão. Os profissionais que ingressam na empreitada recebem kits, que contêm cartazes, broches, ímãs, fitinhas e panfletos, e são estimulados a distribuí-los. Todas as informações são validadas pelo Ministério da Saúde do Brasil, que integra o movimento.

Nessa empreitada, os cabeleireiros foram escolhidos como interlocutores da mensagem por terem uma grande proximidade com pessoas das mais diversas origens e classes sociais. E o projeto está dando tão certo que renomados hairstylists fazem parte do comitê nacional: Rudi Werner (Werner Coiffure – RJ), Jô Nascimento (Jô Coiffure – SP), Jacques Goossens (Jacques Janine – SP), Gláucia Cardoso (Barber Beauty – BA), Célio Faria (Instituto de Beleza Célio Faria – MG), Hélio Nakanishi (Helio Cabeleireiros – DF), Viktor I (Vimax – PR), Alfredo Fredrich (Mirage – RS) e Deulzir Badin (Ella Hair – SC).

Hair Brasil

A mesa redonda realizada na Hair Brasil, mediada pelo médico Jairo Bouer, contou com Mylene Nunes, integrante do Programa Nacional DST/AIDS; Solange Moraes, representante da rede de pessoas vivendo com HIV/AIDS; Maria Rebeca Otero Gomes, representante da Unesco; Lucinha Araújo, presidente da Sociedade Viva Cazuza; Carlos Tufvesson, estilista e criador da campanha “A moda na luta contra o HIV”; Yuha Antero, stylist do MG Hair Design; Priscila Monteiro, gerente de comunicação da L’Oréal; Celso Kamura, que anunciou seu ingresso na campanha.

Mylene Nunes destacou que é impossível ignorar que o vírus infecta 34 mil pessoas por ano no Brasil. Ela também chamou a atenção para um outro dado importante. “Antes, para cada 26 homens portadores do HIV, havia uma mulher infectada. Hoje, esta proporção é de 1,5 homem para uma mulher.”

O médico Jairo Bauer apontou duas razões para essa mudança: “As meninas abandonam o uso da camisinha rapidamente, por enxergarem estabilidade na relação, e as mulheres casadas não sentem necessidade de pedir para seus parceiros usarem preservativo”. Conforme estimativas do Ministério da Saúde, há no Brasil 600 mil pessoas infectadas, destas mais de 100 mil não sabem que são soropositivas.

O estilista Carlos Tufvesson foi enfático quanto à necessidade de prevenção. “A AIDS não tem ‘cara’ e a melhor forma de preveni-la é com o preservativo. Até hoje há quem pense que é uma doença de gays ou drogados, mas não é.”

Lucinha Araújo reafirmou que após ter perdido seu filho Cazuza, vítima do vírus, tomou a iniciativa de assistir crianças e adultos com AIDS por meio da Sociedade Viva Cazuza. “Temos psicólogas para ajudar no esclarecimento das crianças sobre a doença, mas percebo que elas desejam conversar comigo, querem colo”, disse com exclusividade para a Cabeleireiros.com. Lucinha afirmou que os direitos autorais das composições do filho e a ajuda do governo federal não cobrem o gasto mensal da entidade, cerca de R$ 70 mil. “Promovemos eventos para cobrir as despesas”, afirmou.

Priscila Monteiro, também com exclusividade para a revista, disse que a L’Oréal vai destinar 20% da verba anual de comunicação para a campanha. A idéia é implantar o programa nos 190 centros de treinamento da divisão de produtos profissionais da empresa, transformando seus três mil educadores em multiplicadores de informação contra a AIDS.

AIDS

A AIDS se manifesta após a infecção do organismo humano pelo vírus HIV. A contaminação ocorre pelo sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno. Os sintomas iniciais são semelhantes aos de outras doenças: febre persistente, calafrios, dor de cabeça, dor de garganta, dores musculares, manchas na pele, gânglios e ínguas embaixo do braço, no pescoço ou na virilha. Depois, com o comprometimento do sistema imunológico, surgem tuberculose, pneumonia, alguns tipos de câncer, candidíase e infecções no sistema nervoso.

A doença ainda não tem cura, daí a insistência das campanhas de prevenção. Os novos medicamentos prolongam a vida dos portadores do HIV ao dificultarem a multiplicação do vírus.
O Programa Nacional de DST e AIDS, criado para reduzir a incidência do vírus e melhorar a qualidade de vida dos portadores, abriga uma série de medidas que incluem qualidade de atendimento nos serviços públicos, aumento da cobertura das ações de prevenção em mulheres, ampliação do acesso ao diagnóstico do HIV e demais doenças sexualmente transmissíveis, entre outras.

De 1980, quando foi descoberto o primeiro caso no País, a junho de 2007 foram notificadas oficialmente 474.273 ocorrências. 289.074 no Sudeste, 89.250 no Sul, 53.089 no Nordeste, 26.757 no Centro-Oeste e 16.103 no Norte.

Mesmo liderando o ranking, na região Sudeste a incidência tende a estabilização, assim como no Centro-Oeste e no Sul. No Norte e no Nordeste a tendência é de crescimento. Atualmente, a maior incidência de contaminação – em todas as regiões brasileiras – está concentrada na população de 15 a 49 anos. No mundo, conforme a Unaids – programa da ONU para combater a doença –, foram registrados oficialmente 40 milhões de casos, sendo que as mulheres já respondem pela metade desse total


Matéria da Revista Cabeleireiros.com - Edição 28

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